Molecada na rua é sinal de atividade sem fim. Enjoam de um brinquedo logo dão início a outro sem o menor problema. O importante é não parar. O dia é longo e a paradinha é somente para as refeições e rua novamente, pois é nela que as coisas acontecem. Pipas no ar. Bolinhas de gude a rolar. Figurinhas ganhas no bafo. Carrinhos de rolimã. Bicicletas sem freio. Guerrinha de mamonas. Esconde-esconde, puxa-puxa-cabelinho fica sempre para os mais bobinhos.
Estou na máquina do tempo. Curto esta viagem e procuro a meninada. Aos poucos a criançada aparece. A rua é sem saída, mas não para nós. O dia está preguiçoso e ensolarado. O moço do algodão doce ainda não chegou. Há tempo para arranjar umas moedas. Sentamo-nos na calçada e jogamos conversa fora.
Perdemos o olhar em uma só direção. A casa à nossa frente tem um pequeno e bem cuidado jardim. Um longo corredor nos permite ver o fundo do quintal e isto muito nos interessa, pois é lá que ela surge e lentamente caminha de cabeça baixa em direção ao jardim. Seu corpo é bastante pesado. Não nos vê. Não nos olha. Ignora.
Sorrimos. É a nossa melhor hora. Fingimos trocar figurinhas. Ela se curva diante do jardim e cuida das plantinhas.
Lazinha é seu nome. Vó da Julinha. As carnes de Lazinha acomodam-se no vestido de florzinha. Quanto mais ela se curva, mais curto ele fica e então nos deslumbramos com a farta visão de sua bunda!
E sabe de uma?
Lazinha não usa calcinha!