Papai Noel, esta é minha primeira cartinha a você e
acredite, foram cinqüenta e quatro anos para fazer isso. Pode parecer estranho
escrever para alguém que para mim nunca existiu, mas preciso fazer isso.
Preciso que mais pessoas, além de mim, saibam desta minha falta de crença em
você. Evidentemente que hoje não teria mesmo graça nenhuma acreditar, mas volto
alguns anos atrás e me vejo totalmente descrente da sua pessoa. De cara você
pisou na bola comigo quando, em segredo, lhe pedi um brinquedo e em minhas mãos
chegou um totalmente diferente do que havia pedido. Naquele dia sai na rua,
coisa que todas as crianças da época faziam e se reuniam para mostrar os
presentes deixados na árvore de Natal. A
maioria tinha nas mãos exatamente o que haviam pedido. Tudo bem, pode ter havido algum erro de comunicação e o
melhor era mesmo esperar o próximo ano e quem sabe corrigir provável erro. Até
aí ainda não te achava injusto, talvez um pouco atrapalhado. Mais um ano se
passou e tive medo em deixar meus sapatinhos na janela. Primeiro porque os
achava pequenos demais e não caberia dentro deles o meu pedido e segundo por
não confiar muito em você temia perder meu melhor par de sapatos ou quem sabe
até mesmo o único. Por conta desta minha desconfiança o presente novamente veio errado. Não era só
o meu. Meus irmãos queixavam-se do mesmo problema. Passei a te achar injusto. Comecei a
acreditar que você atendia melhor as pessoas ricas, porque elas lhe preparavam
fartas mesas cheias de guloseimas e tinha até quem dizia que você comia tudo!
Não é à toa que é gordo. Com o passar do tempo comecei a misturar as coisas,
pois na escola aprendíamos a fazer orações e sempre no dirigíamos ao “papai do
céu”. Tudo rimava. Papai Noel... Papai do Céu. Qual deles é mais poderoso?
Pensei muito na possibilidade de enviar cartinhas ao papai do céu, pois se era
do céu haveria de ter mais poder do que o Noel. Foi mais uma tentativa
frustrada. Nada mudou e para piorar em uma das orações a madre da escola
ensinava: “Santa Maria mãe de Deus...” de Deus? Maria não era mãe de Jesus?
Você imagina Sr Noel o que são estas questões na cabeça de uma criança? Sabe o
que é ver um pinheirinho cheio de neve na Galeria Prestes Maia, num país tropical
estalando pra lá de trinta graus? Acreditar para que? Pra ter fantasias de um
bom velhinho que se abala do pólo norte para atender as criancinhas de todo o
planeta? Não. Ainda prefiro a fada
madrinha, a fada mãe que com muita sabedoria dividia e dividindo multiplicava.
sábado, 21 de dezembro de 2013
quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
Aprendendo que é possível sim!
Andei afastada deste contato porque estive trabalhando em
algumas coisas que tomaram meu tempo, mas me realizaram muito. Acho que o pobre
é criativo por natureza e eu não posso
deparar com desperdícios. Foi assim que comecei a empreitada. Moro de aluguel
em uma casa antiga e o proprietário, no momento, não pode disponibilizar
recursos para promover uma reforma. Ele tinha outras prioridades. Muitas
pessoas quando pensam em reforma carregam seus pensamentos para lojas de
materiais de construção, pedreiros e tudo o mais que envolve uma mudança em
qualquer metro quadrado que seja. Pensando assim o gasto é grande e em tempos
de economia fica mesmo fora de cogitação. Mas algo me dizia intimamente que eu
podia me lançar no “projeto reforma” a custo quase zero, só não encontrava o
fio da meada desta ideia que passeava em minha cabeça, mas não se
materializava. Enquanto isso as paredes da sala ficavam cada vez mais feias por
causa da umidade. O piso tinha aspecto horroroso pela ação do tempo. Tudo isso
me desanimava e eu já não tinha vontade em arrumar, decorar, curtir. Fazia a
limpeza por fazer, para não piorar.
Mudar de casa não era propriamente a melhor solução, pois apesar de tudo gosto
muito de onde moro e já se passaram dez anos. Acho que criei raízes. Muito bem.
Um dia andando pelas ruas de minha cidade deparei com uma construção. Ali se ergueu um grande edifício e estava em fase de
acabamento. Na caçamba muitos pisos quebrados, inutilizados e de boa qualidade.
Na verdade um desperdício! Foi nesta caçamba que comecei a trabalhar a ideia de
que eu podia melhorar minha casa. Algumas caixas de papelão e pronto! Muitos
cacos de pisos no carro. Passei a pesquisar em como preparar a massa, a parede
e tipos de ferramentas próprias para a aplicação das peças. Descobri que a
ferramenta mais importante era eu. A
partir daí não dei sossego a uma caçamba se quer! O resultado você poderá ver através
das fotografias. E que venham outros desafios! Estou pronta!
parede preparada... é possível notar a umidade |
início da colocação dos caquinhos de piso - lembrando que são de caçambas de construções |
aproveitei para fazer uma decoraçãozinha |
quase finalizando...
finalizada!!! |
a mesa já estava pronta há meses! só esperando um bom cantinho... |
claro que uma coisa puxa a outra e acabei usando forração vinílica no piso |
a parede de fundo também ganhou um carinho especial |
e ficou assim... aconchegante |
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