sábado, 26 de fevereiro de 2011

E aí?


O que fazer quando as palavras desaparecem, somem no vento e perdem a forma? O que fazer quando o corpo explode emoções que os dedos não traduzem?
Esperar o turbilhão passar. Talvez seja esta a resposta. Lamentavelmente vivo dentro um.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Olá 52




Oi 52. É com muito carinho que chego a você e te parabenizo por estar forte ainda e com muita garra pra viver, não os próximos 52 que seria otimismo demais, mas alguma década a mais se for possível me conceder.
Compreendo que conviver comigo não é muito fácil e pra você pior ainda, pois não consigo esconder de você os meus mais profundos segredos.  É esta cumplicidade que faz com que eu te admire.  Meu camarada! Não foi nada fácil chegar até aqui. Aconteceram poucas e boas como diria minha avó, mas fomos valentes! Caímos muitas vezes e ressurgimos das cinzas feito Fênix.
As coisas poderiam ter sido diferentes, mas ao longo do tempo aprendi que as coisas são como são. Nos e nossos nós, assim disse-me um dia o poeta que reside meu coração.
Então vamos lá. Força no pé porque desejo muito que a caminhada seja bem longa e que possamos sempre estar juntinhos contando estórias, rindo muito de qualquer bobagem e perdendo o olhar no horizonte.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

MEU SILÊNCIO


Sexta-feira, 11 de fevereiro.   Acordei com preguiça até mesmo de abrir os olhos. Há dias caminho com meu silêncio lado a lado. É a melhor companhia em certos momentos da vida. Acho que tenho tido muitos “certos momentos”.  Como de costume abri alguns e-mails. Coisa pouca, mas de bom conteúdo. Notícias esparramam-se feito rastilho de pólvora. Em uma das correspondências um amigo estava indignado com a forma de viver e agir do grupo terrorista que mantém controle sob a Faixa de Gaza chamado HAMAS.  Li e assisti ao vídeo que também me deixou perplexa. As imagens mostravam a celebração de casamento em massa promovido por este grupo. Quatrocentas e cinqüenta noivinhas, mais parecidas com daminhas de honra, seguravam a mão de seus pretendentes. Elas com idade entre quatro e dez anos e eles na casa dos vinte e cinco aos trinta anos. Tudo com a devida autorização da lei do islamismo radical. Cheiro de pedofilia, abuso e sofrimento. É complicado viver em um mundo em que as diferenças são grandes demais.
Meu dia não parou por aí. Logo meus pensamentos foram substituídos pela queda de Mubarak. Pulei de alegria. Todos esperavam um feliz desfecho. Eles sabem que é só o começo. Saíram vitoriosos e sabem que precisarão de forças para continuar lutando para fazer valer a conquista. Que os países vizinhos sigam o exemplo e que Mubarak vá gastar seus quase cinqüenta e quatro bilhões (valores estimados em reais) no inferno. E ainda teve a cara de pau de dizer: “decidi renunciar”. Ele decidiu? Que homem bom, pensei. E a força da população serviu de que?  
E agora você deve estar pensando o que aquela fotografia está fazendo lá em cima. Ela foi a terceira notícia do dia. Eliete de Oliveira Koestler, minha irmã. Vive na fria Alemanha. Há tempos vem travando uma grande luta contra o câncer de mama. Hoje me contou que não suporta mais as fortes dores. Está nervosa, inquieta, irritada e revoltada. Não quer mais viver. Despediu-se de mim e da vida. Dez mil quilômetros nos separam fisicamente e isso me arrasta ao lado de meu silêncio novamente. Não posso secar suas lágrimas. Não posso lhe dar acalanto e tão pouco abraçá-la e sussurrar em seu ouvido: eu te amo.