Sexta-feira, 11 de fevereiro. Acordei com preguiça até mesmo de abrir os olhos. Há dias caminho com meu silêncio lado a lado. É a melhor companhia em certos momentos da vida. Acho que tenho tido muitos “certos momentos”. Como de costume abri alguns e-mails. Coisa pouca, mas de bom conteúdo. Notícias esparramam-se feito rastilho de pólvora. Em uma das correspondências um amigo estava indignado com a forma de viver e agir do grupo terrorista que mantém controle sob a Faixa de Gaza chamado HAMAS. Li e assisti ao vídeo que também me deixou perplexa. As imagens mostravam a celebração de casamento em massa promovido por este grupo. Quatrocentas e cinqüenta noivinhas, mais parecidas com daminhas de honra, seguravam a mão de seus pretendentes. Elas com idade entre quatro e dez anos e eles na casa dos vinte e cinco aos trinta anos. Tudo com a devida autorização da lei do islamismo radical. Cheiro de pedofilia, abuso e sofrimento. É complicado viver em um mundo em que as diferenças são grandes demais.
Meu dia não parou por aí. Logo meus pensamentos foram substituídos pela queda de Mubarak. Pulei de alegria. Todos esperavam um feliz desfecho. Eles sabem que é só o começo. Saíram vitoriosos e sabem que precisarão de forças para continuar lutando para fazer valer a conquista. Que os países vizinhos sigam o exemplo e que Mubarak vá gastar seus quase cinqüenta e quatro bilhões (valores estimados em reais) no inferno. E ainda teve a cara de pau de dizer: “decidi renunciar”. Ele decidiu? Que homem bom, pensei. E a força da população serviu de que?
E agora você deve estar pensando o que aquela fotografia está fazendo lá em cima. Ela foi a terceira notícia do dia. Eliete de Oliveira Koestler, minha irmã. Vive na fria Alemanha. Há tempos vem travando uma grande luta contra o câncer de mama. Hoje me contou que não suporta mais as fortes dores. Está nervosa, inquieta, irritada e revoltada. Não quer mais viver. Despediu-se de mim e da vida. Dez mil quilômetros nos separam fisicamente e isso me arrasta ao lado de meu silêncio novamente. Não posso secar suas lágrimas. Não posso lhe dar acalanto e tão pouco abraçá-la e sussurrar em seu ouvido: eu te amo.
Estamos aqui da Alemanha lendo este texto.... tia Eli agradece e eu claro chorando!!!!
ResponderExcluiroi Mimi, quando vi nas estatísticas muitas leituras na Alemanha não tive dúvidas! Só podia ser mesmo você e a tia. também chorei, mas desta vez com tranquilidade, afinal ela superou e está entre nós. amo muito vocês. beijos
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