terça-feira, 29 de março de 2011

Agenda Telefônica de Mamãe





Entre as tantas coisas que tenho bem guardadas a Agenda de minha mãe é uma delas. Não consigo desfazer-me deste pequeno livro. Sim, livro e não agenda, pois as informações contidas nas poucas folhas vão muito além de simples números telefônicos.
Existe nela um aglomerado de informações. É como se mamãe andasse presa a ela, assim como nos prendemos em agendas eletrônicas, laptops, celulares.
Surpreendo-me a cada nova leitura que faço. São endereços diversos, lembretes de prestações a vencer, tons de cores e seus referidos números para as portas da casa, ônibus que deve pegar e qual o momento que deve puxar o sinal para saltar no ponto de referência, horário de saída do trem que seguia para o Pantanal. Pantanal? Pra quê? Nunca mamãe foi ao Pantanal! Estaria ela arquitetando uma fuga? Gente! Minha mãe era um mini Google!
Ah! Esta é demais! Veja só: “Doracy – Rua Archote do Peru número 191 apto 41, ou seria número 131... é que não estava bem legível, mas tenho o telefone se precisar” este recado era para ela mesma. Ivone (prima) tem o número do telefone e ao lado, em letras miúdas, um lembrete que o endereço está no verso da folha. Não entendi. A folha está cheia de espaço!
Espertinha que só, gravou em letras graúdas o código para ligações a cobrar. Isso sem falar nos cremes caseiros para prevenir acnes, rachaduras dos pés e amaciamento das mãos.
Na última folha, melhor dizendo, na contra capa, tem uma receita de chá para dormir. Chá de papoula. Minha mãe tomava chá de papoula? Isso não sei responder, mas ela adormeceu para sempre no dia 04 de janeiro de 1996.
É engraçado que as anotações estão nos cantos, laterais, capa, contracapa, de ponta cabeça, entrelinhas; e ela entendia tudo. E eu nem posso falar muito, pois curiosamente minha agenda causa irritação quando alguém em casa atende ao telefone e sou eu na rua precisando de alguma coisa que está anotada nela ouço a famosa frase: “Puta que me pariu! Você é foda!”  Está no DNA. Não tem jeito.




domingo, 27 de março de 2011

Beijinho de Nariz



Hoje busquei no baú do passado um beijinho de nariz. Deliciosamente nariz com nariz. À sua frente o outro, somente ele te olhando, dominando, cheirando... oooooopssssss!!!


segunda-feira, 7 de março de 2011

Eu Fiz a Minha Parte

Acabei de ler a crônica de Luiz Fernando Veríssimo intitulada "Big Brother Brasil" e o escritor em um dos trechos diz assim:
"Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível. Em um e-mail que  recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo."
"Eu gostaria de perguntar, se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade." (Luiz Fernando Veríssimo)
Veríssimo não está sozinho nesta pergunta, pois muitos de nós, se surgisse oportunidade, faríamos também; e na limitação de meus conhecimentos eu diria que a conta bancária fala mais alto. Não há como negar os milhões movimentados em cada paredão.
Quem alimenta esta máquina são os telespectadores. Quando aprenderem a escolher  o programa chegará ao seu final.
Nasci e cresci em ambiente humilde o que não quer dizer que não aprendi o gosto pelas coisas boas. Tínhamos apenas um velho rádio que pela manhã noticiava os últimos acontecimentos e ao longo do dia tocava muitas músicas. O quintal era grande e arborizado e com boa imaginação meus irmãos, amiguinhos e eu davámos até mesmo volta ao mundo em pequenos barcos de caixote e uma velha bacia cheia de água era nosso mar.  As poucas cadeiras postas uma atrás da outra serviam de trem e neste a viagem dava-se pelas pequenas cidades do interior de São Paulo. Geografia pura! Criatividade! Aplicávamos no improviso tudo que aprendíamos, pois imaginação e criatividade ainda não se vendem em lindas e coloridas caixas. Voltando aos dias de hoje, deparo-me com a televisão. Elas estão super equipadas e o controle remoto é uma arma e tanto  e nos ajuda a eliminar programas que não queremos assistir simplesmente porque não acrescenta nenhum conhecimento e tão pouco informações intelectuais. É responsabilidade nossa ensinar nossos filhos a escolher o que há de melhor. Como fazer isso? Incentivando-os à leitura, a ouvir boa música, a descobrir e respeitar a vida. Ensinado-lhes os valores éticos e morais.
Portanto estou tranquila. Sei que fiz a minha parte. Minha filha não me aborrece quando está frente à televisão. Aprendeu a escolher.
Não tenho nada contra se você assiste e gosta. E se faz ligações só digo: o dinheiro é seu e você emprega onde bem entender. O meu eu prefiro gastá-lo em livros, CDs,  DVDs, cinema, teatro, shows...

sábado, 5 de março de 2011

Sala de Sonhar

Por trás desta tela pequenos olhos percorrem este mundinho que criei. Na verdade ganhei. É a sala de apetrechos de sonhos. Aqui marco encontro com você querido leitor e com a paz. Há tempos acompanho as estastísticas de leituras e hoje registro meu agradecimento a você que carinhosamente vem me fazer companhia. Alguns conheço pessoalmente. Outros aconteceram através das redes sociais e muitos não sei quem são, mas estão e marcam presença com tanta fidelidade que eu não poderia deixar passar despercebido.

entre e fique à vontade
se quiser fique pro café
se trouxe pijama
caia na cama
se quiser cantar
não vai incomodar
se quiser gritar
posso te ajudar
se quiser sonhar
pode começar
se quiser voar
voo com você
se quiser partir
deixo você ir

Aos meus seguidores e aos anônimos leitores "aquele abraço".

Valeu Brasil, Estados Unidos, Alemanha, Noruega, Portugal, Canadá, Argentina, Dinamarca, Índia e Itália. Uma grande festa nesta pequena sala. A sala de sonhar... 

Sonhar

Fria terça-feira fria. Trouxe chuva e preguiça. A poesia brincava de esconde com o poeta e eu no macio do sofá adormecia. O sono buscou sonhos e eles chegaram iluminando meus pensamentos sombrios. Brinquei quintais. Corri com o vento. Aquele vento bom que nos leva ao perdido. Respirei alegria, aqueci-me no abraço, abasteci-me de pura emoção. Sonhar é muito bom. Chega-se perto do real. Muito real.