segunda-feira, 7 de março de 2011

Eu Fiz a Minha Parte

Acabei de ler a crônica de Luiz Fernando Veríssimo intitulada "Big Brother Brasil" e o escritor em um dos trechos diz assim:
"Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível. Em um e-mail que  recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo."
"Eu gostaria de perguntar, se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade." (Luiz Fernando Veríssimo)
Veríssimo não está sozinho nesta pergunta, pois muitos de nós, se surgisse oportunidade, faríamos também; e na limitação de meus conhecimentos eu diria que a conta bancária fala mais alto. Não há como negar os milhões movimentados em cada paredão.
Quem alimenta esta máquina são os telespectadores. Quando aprenderem a escolher  o programa chegará ao seu final.
Nasci e cresci em ambiente humilde o que não quer dizer que não aprendi o gosto pelas coisas boas. Tínhamos apenas um velho rádio que pela manhã noticiava os últimos acontecimentos e ao longo do dia tocava muitas músicas. O quintal era grande e arborizado e com boa imaginação meus irmãos, amiguinhos e eu davámos até mesmo volta ao mundo em pequenos barcos de caixote e uma velha bacia cheia de água era nosso mar.  As poucas cadeiras postas uma atrás da outra serviam de trem e neste a viagem dava-se pelas pequenas cidades do interior de São Paulo. Geografia pura! Criatividade! Aplicávamos no improviso tudo que aprendíamos, pois imaginação e criatividade ainda não se vendem em lindas e coloridas caixas. Voltando aos dias de hoje, deparo-me com a televisão. Elas estão super equipadas e o controle remoto é uma arma e tanto  e nos ajuda a eliminar programas que não queremos assistir simplesmente porque não acrescenta nenhum conhecimento e tão pouco informações intelectuais. É responsabilidade nossa ensinar nossos filhos a escolher o que há de melhor. Como fazer isso? Incentivando-os à leitura, a ouvir boa música, a descobrir e respeitar a vida. Ensinado-lhes os valores éticos e morais.
Portanto estou tranquila. Sei que fiz a minha parte. Minha filha não me aborrece quando está frente à televisão. Aprendeu a escolher.
Não tenho nada contra se você assiste e gosta. E se faz ligações só digo: o dinheiro é seu e você emprega onde bem entender. O meu eu prefiro gastá-lo em livros, CDs,  DVDs, cinema, teatro, shows...

Um comentário:

  1. Parece que muitas outras coisas eu aprendi, melhores até talvez do que saber qual música escutar. Sabes de nossas semelhanças em muitos aspectos, outros sei que nem tanto. Aliás não mesmo! Sempre fomos companheiras e cúmplices de shows, CD's, DVD's (me lembro de um que não sei quem reclamou mais quando o ladrão levou), Cinema a primeira sala foi com vc, teatro (o mesmo), sempre cúmplices de um mesmo gosto. Posso não saber comprar roupas a você, mas um CD de certo eu acerto. O fato é que aprendi coisas muito mais importantes ao seu lado, soube lutar pelo meu dinheiro desde nova, mesmo que pouco ele era meu, e sempre foi gasto comigo, soube ser ética e dígna em muitas atitudes, não sei roubar, matar, e isso aprendi com você, e mais, de que a escolha seria sempre minha e que sempre iria arcar com os meus atos, fossem bons ou ruins... Até posso me sentar frente a TV e tirar talvez 20 minutos de lazer com asneras mas de certo sempre, sempre tive um mundo de cultura a minha volta (vc me incentivou a isso), no entanto, mesmo nunca tendo tido TV a cabo em casa, hoje temos e me delicio em assistir a Dircovery Channel.

    Obrigada minha mãe!

    A mim vc ensinou!

    Pelo menos foi isso que entendi!

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