sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A FOTO


A vida tem destas coisas. O tempo passa e nos desfazemos de muitos objetos que ficam jogados em um canto qualquer. Eles já não nos servem para mais nada e por isso mesmo os descartamos. Em outros casos guardamos com tanto carinho certas coisas que elas nos acompanham e ficam fazendo parte de nossa estória.
Esta foto é um caso assim. Em meio aos meus guardados chega a destoar das fotos que junto a ela estão. Não tem nada a ver. Explico. Em meus álbuns figuram, até mesmo as mais antigas, locais urbanos, praias, casamentos, aniversários, bebês tomando banho, crianças na piscina ou abrindo lindos pacotes ao pé de uma árvore de Natal.
Esta foto ilustra uma casa onde nunca entrei. Chão de terra que nunca pisei. Árvores que da sombra nunca desfrutei. Ah! A cerca sim. Tem uma leve semelhança com alguma de minha infância. Mas as janelas... Adoro janelas. É por elas que espio o mundo. Janelas para mim são feito quadros e melhor que eles, pois a cada movimento, a cada passada de hora nos brinda com uma pintura nova.
Mas para mim o melhor desta foto está atrás dela. A dedicatória do moleque que um dia fez parte desta paisagem. “haja o que houver sempre você”. Foi assim que o menino escreveu mostrando um pedaço do agreste de Rio Grande do Norte. O nome deste município é Serrinha que um dia foi conhecido como Serrinha do Olho d’Água. Olhos marejados de água. Olhos que procuram na janela a paisagem chamada “saudade”.
  

2 comentários:

  1. Lindo texto minha mãe... escreves como ninguém... Adoro delirar em seus textos em meio as minhas lembranças tbm... diria que parece o sítio do Tio na velha estrada de barro de cerca miuda e baixa. Ou até mesmo o quintal batido de barro de Janaúba... Pouco me lembro mas sei que pisei.

    Lindo mamis!!!

    Bjs Milena Flor

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  2. A dedicatória do moleque que um dia fez parte desta paisagem

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