Ela sempre fazia suas preces antes de dormir. Não o sempre de todas as noites, mas o sempre das vezes que se lembrava. Nos últimos tempos andou meio esquecida desta prática. Estava mesmo meio emburrada com Deus. Não que o culpasse por algo errado em sua vida, isso não, mas se é pra rezar agradecendo então não tinha mesmo que rezar! Agradecer o que? Ui! Quando se revolta é um Deus nos acuda! Ninguém aguenta! Nos últimos tempos tem lá dado o dedo mindinho a Deus, procurando trazer de volta a conversinha noturna. E foi numa dessas conversinhas que a situação entre os dois só piorou. Ela começa: Pai do Céu... to com um sono danado... pendurei os panos de prato? Ah! pendurei sim! E porque Pai do Céu? Então não é Pai de todos? Quero agradecer pelo meu dia. E que dia! O que? Tá dizendo que já vou começar a reclamar? Caramba! Será que fechei a porta? Não acredito que vou ter que sair daqui do meu quentinho pra verificar. Não. Isso já é demais! Sabe que horas são? Tá bom. Vai me dizer que pra você não existe esse negócio de hora, né? Mas para mim existe. E como existe. Quantas vezes já quis ser cachorro nesta vida! Já pensou? A todo momento alguém bateria o pé e diria: já deitar! Que maravilha! Mas Pai do Céu... como é que você consegue lidar com tudo isso e ainda ter esta paciência toda, hein?! Alguém me disse que você nos fez de barro e que num sopro nos tornamos de carne e osso. Dá pra perdoar alguém que tenha dado esse maldito sopro? Não teria sido melhor se todos fossemos mesmo de barro, ou seja, estátuas!? Claro que aí não poderia existir a chuva porque senão meu filho, ops, meu Pai, seríamos pura lama. Pior ainda se virássemos uma lama viscosa e nojenta. Acho até que somos viscosos e nojentos. Ei.. Tá me ouvindo? Se tem uma coisa que detesto é isso: ficar falando sozinha. Que bobagem! Chuva pra que? Na condição de estátua não há necessidade de água. Mas somos estátuas de nós mesmos. Sabe porque? Te peguei, né? Essa você não sabe responder. Nos tornamos estátuas de nós mesmos quando nos deparamos com impedimentos para fazermos determinadas coisas. Tudo por causa dos Dez Mandamentos. É Mandamento que não acaba mais! Pegou pesado viu! Tão pesado quanto àquela pedra em que ficou inscrita a Lei. E sabe o que vejo? Que muitos nem chegaram perto desta leitura. Você criou os Dez Mandamentos e algum engraçadinho criou os DESmandamentos, e olha que o genérico aí ganhou muito mais seguidores. O que? Não. Isso nunca. Seguir os Desmandamentos? De jeito maneira! Gosto dos seus mandamentos. Me faz ter disciplina e o que é melhor, me coloca sempre ao teu lado. Gosto de te questionar. E gosto também de negociar. Devagarinho vou negociando com você algumas flexibilidades, algumas brechas na Lei. Não pode ser tão durão assim. Usar o livre-arbítrio? Pra que? Nessa você não me pega não. Livre-arbítrio de livre não tem nada! Essa eu já sei. Depois vai me cobrar dobrado. Quero não. Continuo negociando. Um dia iremos nos entender! Amém Pai do Céu. Vou lá fechar minha porta.
segunda-feira, 28 de junho de 2010
CONFUSA ORAÇÃO
Ela sempre fazia suas preces antes de dormir. Não o sempre de todas as noites, mas o sempre das vezes que se lembrava. Nos últimos tempos andou meio esquecida desta prática. Estava mesmo meio emburrada com Deus. Não que o culpasse por algo errado em sua vida, isso não, mas se é pra rezar agradecendo então não tinha mesmo que rezar! Agradecer o que? Ui! Quando se revolta é um Deus nos acuda! Ninguém aguenta! Nos últimos tempos tem lá dado o dedo mindinho a Deus, procurando trazer de volta a conversinha noturna. E foi numa dessas conversinhas que a situação entre os dois só piorou. Ela começa: Pai do Céu... to com um sono danado... pendurei os panos de prato? Ah! pendurei sim! E porque Pai do Céu? Então não é Pai de todos? Quero agradecer pelo meu dia. E que dia! O que? Tá dizendo que já vou começar a reclamar? Caramba! Será que fechei a porta? Não acredito que vou ter que sair daqui do meu quentinho pra verificar. Não. Isso já é demais! Sabe que horas são? Tá bom. Vai me dizer que pra você não existe esse negócio de hora, né? Mas para mim existe. E como existe. Quantas vezes já quis ser cachorro nesta vida! Já pensou? A todo momento alguém bateria o pé e diria: já deitar! Que maravilha! Mas Pai do Céu... como é que você consegue lidar com tudo isso e ainda ter esta paciência toda, hein?! Alguém me disse que você nos fez de barro e que num sopro nos tornamos de carne e osso. Dá pra perdoar alguém que tenha dado esse maldito sopro? Não teria sido melhor se todos fossemos mesmo de barro, ou seja, estátuas!? Claro que aí não poderia existir a chuva porque senão meu filho, ops, meu Pai, seríamos pura lama. Pior ainda se virássemos uma lama viscosa e nojenta. Acho até que somos viscosos e nojentos. Ei.. Tá me ouvindo? Se tem uma coisa que detesto é isso: ficar falando sozinha. Que bobagem! Chuva pra que? Na condição de estátua não há necessidade de água. Mas somos estátuas de nós mesmos. Sabe porque? Te peguei, né? Essa você não sabe responder. Nos tornamos estátuas de nós mesmos quando nos deparamos com impedimentos para fazermos determinadas coisas. Tudo por causa dos Dez Mandamentos. É Mandamento que não acaba mais! Pegou pesado viu! Tão pesado quanto àquela pedra em que ficou inscrita a Lei. E sabe o que vejo? Que muitos nem chegaram perto desta leitura. Você criou os Dez Mandamentos e algum engraçadinho criou os DESmandamentos, e olha que o genérico aí ganhou muito mais seguidores. O que? Não. Isso nunca. Seguir os Desmandamentos? De jeito maneira! Gosto dos seus mandamentos. Me faz ter disciplina e o que é melhor, me coloca sempre ao teu lado. Gosto de te questionar. E gosto também de negociar. Devagarinho vou negociando com você algumas flexibilidades, algumas brechas na Lei. Não pode ser tão durão assim. Usar o livre-arbítrio? Pra que? Nessa você não me pega não. Livre-arbítrio de livre não tem nada! Essa eu já sei. Depois vai me cobrar dobrado. Quero não. Continuo negociando. Um dia iremos nos entender! Amém Pai do Céu. Vou lá fechar minha porta.
segunda-feira, 21 de junho de 2010
DUAS BRASILEIRAS
Cerca de vinte minutos antes do jogo do Brasil x Costa do Marfim, recebi um telefonema. Era Eliete, uma de minhas irmãs. Esta mora na fria e dura Alemanha. Muito bem. O papo estava bom. Colocamos alguns assuntos em dia e os minutos se passavam sem que desligássemos o telefone. Apressadamente perguntei a ela se não iria assistir ao jogo do Brasil. O Brasil vai jogar? Elieteeeee, não acredito que já se esqueceu de sua Pátria!! Como pode me fazer uma pergunta destas? Então não está acompanhando os jogos? Brava, muito brava fiquei. Já não tive mais pressa. Passei um sermão daqueles inesquecíveis! E ela sempre se desculpando. Foi então que para quebrar um pouco os xingamentos interrompeu com uma pergunta: Veroca, contra quem o Brasil joga hoje? Contra quem? Foi isso que me perguntou? Fodeu!!! Mariaaaaaaaaaaaaaaa, contra quem o Brasil vai jogar hoje?
segunda-feira, 14 de junho de 2010
MEU MARIDO QUER UMA CHANNA!!!!
sexta-feira, 11 de junho de 2010
E AGORA?
OLHA O CORVETEEEEEEEE, .... OPS! SORVETEEE
Não errei não. Era assim mesmo que Carlos gritava segurando um pequeno e encardido isopor e dentro dele picolés de alguns poucos sabores. Carlos não tinha mais que nove anos. Com certeza ajudava, e muito, no orçamento doméstico. Sempre vestido num pequeno short e camiseta surrada e poucas vezes calçado. Carlos subia a rua do bairro cantarolando sua venda e isso é que nos chamava a atenção. Corríamos para ouvi-lo gritar: "Olha o corveteeeeeeeeeeee... Só caga um cuzeiroooooooooooooooo". Pra ele um problema na fala, para nós, meninada despreocupada, era uma festa. Impagável. Comprávamos o sorvete, mas em troca Carlos tinha que gritar sua venda. Carlos precisava da grana. Então Carlos gritava. E ria. Ria um riso inocente. Ria porque ríamos. Ríamos de Carlos.
terça-feira, 8 de junho de 2010
MANHÊEEEEEEEE, RECOLHI A ROUPA DO VARAL
Mãe, você se lembra daquela foto que tem o Miltinho e eu no fundo do quintal? Sim. Aquela que tiramos e retratamos a casa ainda inacabada! Você odiava aquela foto. Quando foi revelada e chegou às suas mãos, ficou louca comigo! Reclamou durante horas, porque não entendia aquele quintal cheio de entulhos e um improvisado varal que nele se penduravam "feito bandeirinhas de festa junina", era assim que você dizia, algumas calcinhas, panos, cuecas, sei lá mais o quê. Você dizia que fotografia tinha que ser retratado em um lugar limpo, enfeitado, bonito. Não aquela porcaria de quintal e ainda por cima o Miltinho ali, tranquilão de pijama e coçando o saco. Lembro que me mandou rasgar a foto. Vendo que eu não rasgava quis tirar de minhas mãos para rasgá-la. Nada disso aconteceu. Escondi a foto. Sempre gostei muito de fotos e jamais rasgaria qualquer que fosse o motivo. A merda é que naquela época não existia esse tal de photoshop que muda tudo. É mãe. Trinta e cinco anos depois descubro que tem como transformar tudo! Não é legal, pois sai da real, mas para você eu dei um jeitinho e recolhi as roupas do varal. Pena você não estar mais entre nós para ver esse milagre. Mãe, só não fiz uma coisa e não quero que se zangue, mas deixei o Miltinho coçando o saquinho daquele mesmo jeitinho. Acho tão bonitinho...
sábado, 5 de junho de 2010
SUJEIRA NA CASA ALHEIA
Hoje, conversando com a Michelle, filha de minha prima Clara, relembrei um conto muito engraçado. Minha mãe é a personagem principal desta enfadonha estória. Ela sempre esteve mesmo envolvida em coisas engraçadas. Sofria de dores de barriga. Uma perfeita cagona. Neste dia estava passeando pelo interior de São Paulo, na cidade de Presidente Epitácio em casa de sua sobrinha Leonor Guimaro. Nesta época minha prima morava em um conjunto habitacional. Casas examente iguais. Após o café da manhã partiram para uma longa caminhada, mais conhecida como "bater pernas". Ao retornarem, minha mãe logo deu sinais de que seu intestino mandava avisos de que as coisas ali por dentro não iam nada bem. Sem tempo para pensar muito, apenas disse à Leonor que aceleraria os passos para alcançar a casa. Minha prima ficou para trás e lá se foi minha mãe travando as pernas de quando em quando e suportando os arrepios que dominavam seu corpo. Apressadamente entrou pelos cômodos da casa sem prestar atenção em nada. Invadiu o banheiro e naquele momento pensou estar utilizando o último segundo que ainda lhe restava na briga pelo esforço em segurar toda aquela pressão que vinha de dentro de seu corpo. Um alívio inenarrável! Sensação de leveza. Limpeza. Era como chegar ao extâse. Um gozo sem fim! Vagarosamente vestiu-se. Pressa para quê? Era preciso curtir com intensidade aquele maravilhoso momento! Deixou que a torneira jorrasse a água em suas mãos que delicadamente esfregavam-se formando pequenas bolhas de espuma e exalando delicioso perfume no ar. Puxou a toalha e num gesto habitual levantou a cabeça e olhou-se no espelho. O espelho refletia uma paisagem deconhecida para ela. Perguntou-se: "O que está acontecendo?". Desviou-se do espelho para entender melhor o ambiente que nele se refletia e deparou-se com o mesmo cenário. Dentro e fora do espelho tudo era normal, mas não para ela. Triste realidade. Definitivamente não estava no banheiro de costume e tirando uma conclusão rápida dos fatos não estaria também na mesma casa. Num rápido e corajoso impulso abriu a porta e deu de cara com a dona da casa. Após a constrangedora explicação e vários pedidos de desculpas saiu em disparada e nunca mais passou naquela rua.
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