sexta-feira, 11 de junho de 2010
OLHA O CORVETEEEEEEEE, .... OPS! SORVETEEE
Não errei não. Era assim mesmo que Carlos gritava segurando um pequeno e encardido isopor e dentro dele picolés de alguns poucos sabores. Carlos não tinha mais que nove anos. Com certeza ajudava, e muito, no orçamento doméstico. Sempre vestido num pequeno short e camiseta surrada e poucas vezes calçado. Carlos subia a rua do bairro cantarolando sua venda e isso é que nos chamava a atenção. Corríamos para ouvi-lo gritar: "Olha o corveteeeeeeeeeeee... Só caga um cuzeiroooooooooooooooo". Pra ele um problema na fala, para nós, meninada despreocupada, era uma festa. Impagável. Comprávamos o sorvete, mas em troca Carlos tinha que gritar sua venda. Carlos precisava da grana. Então Carlos gritava. E ria. Ria um riso inocente. Ria porque ríamos. Ríamos de Carlos.
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