sábado, 5 de junho de 2010

SUJEIRA NA CASA ALHEIA

Hoje, conversando com a Michelle, filha de minha prima Clara, relembrei um conto muito engraçado. Minha mãe é a personagem principal desta enfadonha estória. Ela sempre esteve mesmo envolvida em coisas engraçadas. Sofria de dores de barriga. Uma perfeita cagona. Neste dia estava passeando pelo interior de São Paulo, na cidade de Presidente Epitácio em casa de sua sobrinha Leonor Guimaro. Nesta época minha prima morava em um conjunto habitacional. Casas examente iguais. Após o café da manhã partiram para uma longa caminhada, mais conhecida como "bater pernas". Ao retornarem, minha mãe logo deu sinais de que seu intestino mandava avisos de que as coisas ali por dentro não iam nada bem. Sem tempo para pensar muito, apenas disse à Leonor que aceleraria os passos para alcançar a casa. Minha prima ficou para trás e lá se foi minha mãe travando as pernas de quando em quando e suportando os arrepios que dominavam seu corpo. Apressadamente entrou pelos cômodos da casa sem prestar atenção em nada. Invadiu o banheiro e naquele momento pensou estar utilizando o último segundo que ainda lhe restava na briga pelo esforço em segurar toda aquela pressão que vinha de dentro de seu corpo. Um alívio inenarrável! Sensação de leveza. Limpeza. Era como chegar ao extâse. Um gozo sem fim! Vagarosamente vestiu-se. Pressa para quê? Era preciso curtir com intensidade aquele maravilhoso momento! Deixou que a torneira jorrasse a água em suas mãos que delicadamente esfregavam-se formando pequenas bolhas de espuma e exalando delicioso perfume no ar. Puxou a toalha e num gesto habitual levantou a cabeça e olhou-se no espelho. O espelho refletia uma paisagem deconhecida para ela. Perguntou-se: "O que está acontecendo?". Desviou-se do espelho para entender melhor o ambiente que nele se refletia e deparou-se com o mesmo cenário. Dentro e fora do espelho tudo era normal, mas não para ela. Triste realidade. Definitivamente não estava no banheiro de costume e tirando uma conclusão rápida dos fatos não estaria também na mesma casa. Num rápido e corajoso impulso abriu a porta e deu de cara com a dona da casa. Após a constrangedora explicação e vários pedidos de desculpas saiu em disparada e nunca mais passou naquela rua.

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