quinta-feira, 1 de julho de 2010
FALTA DE SORTE
Ela era assim. Reclamava sempre as dificuldades de encontrar um trabalho com salário, porque sem salário, dizia ela, já tinha muitos. Residia em uma pequena cidade do interior e por assim ser, as dificuldades para encontrar emprego era maior. Número reduzido de vagas era uma delas. Poucas opções também fazia parte da lista das dificuldades. Mas a falta de sorte, segundo ela, disparava em primeiro lugar. E os dias passavam em sua sequência mais do que normal. O dia entrava pela noite e a noite entrava pelo dia. E o emprego... Ah! O emprego? Esse não aparecia. Resmungava. Choramingava falta disso ou daquilo. Alguém ajudava. Outro alguém questionava. E aí? Encontrou? Ao que respondia: Procurando... procurando... Um dia, destes dias que amanhecem com cara de boas notícias, o telefone de alguém toca. Aquela musiquinha já conhecida identifica a chamada e as moedinhas saltam dos bolsos indo parar nos cofres da operadora de telefonia. Finalmente uma boa notícia. Emprego arranjado era assim que do outro lado a voz dizia. Bom salário e muita tranquilidade a vista. Casa de fazendeiros no centro da cidade. Melhor que isso não há! Ficam na fazenda e aparecem raramente em finais de semana para passear. Praticamente não farei nada. O trabalho é manter a casa limpa. Sinto-me dona da casa, afinal fico lá sozinha. Tem até piscina, acredita? Posso até me bronzear. Muito bom. Muito bom mesmo a atendente dizia. E desta forma finalizaram a conversa que deixou no ar a sensação de alívio. Tempos depois, e nem tanto tempo assim. Talvez uns quarenta dias que entraram na noite... Telefone toca. Novamente aquela musiquinha que mexe nos bolsos e fazem as moedinhas pularem para o cofre da operadora de telefonia. Um autêntico identificador de chamadas. Vamos lá! Quais são as novas? Está bem no novo emprego? Que nada! Pedi "as contas". Dava pra ficar lá não. Muito trabalho. Acabei me desentendendo com os patrões. Apareciam nos finais de semana cheios de visitas e parentes, deixavam a casa um lixo! Uma bagunça! Iam embora largando para trás uma zona total! Não aguentei! Que eles pensam? Que tenho que ficar a semana toda limpando a puta confusão que fazem? Eu hein! To fora!
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