sexta-feira, 13 de agosto de 2010
BAR II
Não pensem que sempre estou entrando em botecos é que na verdade nunca sai de dentro de um deles. hic... hic... E as coisas vão acontecendo e é muito bom quando podemos nos lembrar de certos casos. Um bêbado entrou. Sim, ele já estava bêbado quando chegou. Encostou o cotovelo no balcão, olhou para a garçonete, olhou para as várias garrafas espalhadas na prateleira e apontou para uma delas. Na verdade ele achava que estava apontando para alguma coisa, mas seu dedo indicador apontava para várias garrafas, pois não havia controle naquele gesto. A garçonete então pegava uma garrafa e dizia: Esta? Ele repondia: Não, aquela lá; e apontava. Novamente o dedo oscilava e apontava para todas as garrafas. Pacientemente a garçonete pegava a garrafa que ela achava ter sido a eleita e mostrava para o homem. Ele fazia negativamente com a cabeça e novamente apontava. A garçote então disse: - Bem, vamos resolver este impasse, porque do contrário você acaba com caimbra no dedo e eu vesga e com torcicolo. Vou lhe servir esta. Pegou a garrafa de cachaça e serviu o freguês. Ele não disse nada e bebeu. Depois bebeu novamente. E mais uma vez bebeu. E após mais algumas goladas, como num estalar de dedos, assim como os mágicos estalam os dedos quando estão apresentando suas mágicas, o homem endureceu. Isso mesmo. Ficou como que estátua. Não piscava os olhos. Não mexia a boca. Parecia até que nem respirava. A garçote olhou para ele assustada. O homem que estava ao seu lado também se assustou. Todos do bar olharam com espanto. O homem continuou duro. Chamavam. Falavam. Sacudiam. Passavam a mão em frente aos seus olhos; e nada! Quando o pânico ficou geral o homem ameaçou um sorriso no canto da boca, deu o último gole que ainda restava no copo que neste tempo todo segurava nas mãos, depositou-o no balcão e saiu. Fregueses e funcionários o acompanharam com olhar de surpresa. Não entenderam nada. Minutos depois alguém grita de dentro do balcão: - A conta! A conta! Ele não pagou a conta! Tarde demais. O homem que havia virado estátua, ganhou velocidade e sumiu no mapa.
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