quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Perdida na Noite

"ando tão a flor da pele
qualquer beijo de novela me faz chorar
ando tão a flor da pele
que teu olhar
flor na janela
me faz morrer" (Zeca Baleiro)

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A ESCURIDÃO

Por algum tempo mergulhei na escuridão de meus medos. Perdi o jeito, o riso, a tranquilidade, as forças, o olhar inquieto, a maciez das palavras e os pensamentos tornaram-se desconexos. Grande e necessário silêncio que quebro neste exato momento e deixo aqui meu carinho e muita saudade. Estou voltando.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

poesia no prato

Pouco tenho vindo ao meu blog e isto tem explicação. O trabalho tem consumido muitas horas de meu dia e no momento não estou podendo borboletear nas palavras. O grande barato disso tudo é que elas, as palavras, não param de circular em minha cabeça. É um emaranhado tão grande que por fim não encontro o fio da meada. Isto é normal, afinal pensar, falar e escrever tem lá suas diferenças; e quando temos que escrever é que notamos que fica mesmo mais difícil, pois na escrita não existe o gesto, o olhar, as expressões faciais. Estou por aqui voltada ao meu trabalho que não deixa de ter seu lado poético, pois estou enchendo barrigas e apreciando olhares de satisfação. O ser humano adora mesmo comer. Verdadeiros glutões na hora do almoço. É! Almoço tem hora sim senhor! Eu não sabia disso. Aliás, havia me esquecido, pois durante muitos anos aprendi a comer na hora que tivesse fome. Lembro-me muito bem quando ficava na casa de minha avó. Lá o almoço era servido ao meio dia. Este horário não podia ser mudado porque meus tios trabalhavam perto e almoçavam em casa. Eu ficava na mureta junto ao portão olhando o movimento da rua. As fábricas disparavam longos apitos avisando que era onze horas. Uma grande leva de operários aglomerava-se na rua em busca de suas casas, pensões ou bares que serviam refeições. Aprendi com minha avó a cantarolar: "onze horas macaco chora fazendo careta pra dona Aurora"... "meio-dia macaco chia fazendo careta pra dona Maria". Assim eu ficava na mureta e ganhava muitas balinhas. É... cozinhar tem lá sua poesia. São pequenas misturinhas de cores vindas de todos os temperos que se enfurnam  no branquinho do arroz, no marrom do feijão e de todas as delícias que os acompanham. Um desfile de escola de samba. Ora se é! Ala das baianas enfeitadinhas é do arroz. A bateria fica por conta dos feijões e os figurantes são os chamados acompanhamentos. Um festival de cores e sabores que só podem mesmo encher olhos, bocas e panças! É isso que tenho feito. Descobri que minhas mãos vão além do fuçar, escrever, cutucar, coçar, apertar, chamar e acenar adeus. Elas sabem cozinhar e foi no meu pequeno restaurante que aprendi a fazer poesia no prato. Entendi que desta forma não serei esquecida.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Nem tão longe...

Ei, você não está tão longe que precise de grande bagagem e nem tão perto que venha de chinelas, lembra? Saudades sim, mas certa de que quando você entrou em minha vida eu tinha como missão te entregar ao mundo. Parece que fiz direitinho. Busque sua estrela. Brilhe. O momento é seu! Caraca! Já não tropeço mais em seus sapatos, não encontro toalhas molhadas e a caixinha de leite condensado aberta na geladeira agora até se estraga. Ah! Livrei-me daquele cheiro adocicado do perfume que você usava. Meu! Como eu espirrava! Filha, não pare nunca, não tenha medo. Ainda terá muito a descobrir. Eu por aqui vou ficando... cheia de saudades, sentindo grande orgulho e muita traquilidade porque você é leal, amorosa, dedicada, responsável; e saiba que torço muito por você. Conte comigo. Te amo.

Psiu! Não estou triste. Um dia nos deixaríamos, fosse lá como fosse, mas sempre meu coração ficará apertadinho... procurando por você... saber de você... amando você.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Coisas de Mulher


Ele saiu de fábrica perfeito! Foi testado,  aprovado e considerado pronto para uso. Bonitão. Coloridão. Capacidade para suportar muitos objetos todos metodicamente colocados em fila seguindo sempre a regra “os maiores“ em primeiro lugar. Foi parar na vitrine da loja em exposição.  
Ela chega sempre como quem não quer nada. Só olhar. Apreciar as novidades. Matar o tempo.
Ele lá. Cheio de pose, em muitas cores, tentando chamar a atenção.
Ela o vê. Aproxima-se. Observa. Parece pensar e por fim resolve levar. Tira o da prateleira e logo o coloca para funcionar.
Coitadinho! Olha só o que teve que suportar! Nunca mais ninguém o enxergará.                                                                                                                                                                         

                            

terça-feira, 3 de maio de 2011

PACOTE DE VIAGEM


A viagem era pequena e rápida.  Assim deveria ser, mas o destino, sempre ele, agiu de forma a não permitir o rápido retorno.
Tudo que ela faria ao sair da cidade de Itanhaém localizada no litoral de São Paulo era desembarcar na cidade de Osasco também em São Paulo e resolver problemas burocráticos de algumas propriedades que tem por lá.
Tratando-se de curta viagem poderia retornar no mesmo dia, mas já no cartório de registros recebeu a primeira ligação em seu celular com a triste notícia de que seu primo havia sofrido acidente de automóvel e encontrava-se internado em um hospital da cidade e que seu estado clínico era grave.
Deixou os documentos para depois e correu em direção ao hospital onde se encontraria com os demais parentes. Permaneceu ali por algumas horas em companhia de familiares mais próximos no aguardo de informações mais exatas sobre o paciente em questão.
Exausta da viagem e da correria sentou-se num pequeno e desconfortável banco de madeira que naquele momento tornou-se o melhor assento do mundo e se pôs a pensar nas tantas voltas que a vida dá. Novamente o toque do celular e mais uma notícia. Desta vez a informavam que a tia, mãe do rapaz acidentado, encontrava-se hospitalizada em estado de choque.
Rapidamente cruzou a cidade indo de encontro ao hospital onde a tia estava sendo atendida. Foi informada sobre o estado geral da paciente, mas ainda não poderia vê-la. Aguardou, mas desta vez em um gelado banco de concreto. Olhou pela janela e percebeu que anoitecia. E ali adormeceu e o dia amanheceu.
Acordou amarrotada, torta, dolorida. Procurou o balcão de informações e soube que sua tia receberia alta assim que o médico passasse em visita. Animou-se. Tomou café. Acendeu um cigarro. Sentiu o frio das primeiras horas da manhã. Avisou a família e aguardou.
Mas o destino não queria mesmo dar sossego a ela. O celular toca novamente. Assombrada atende e se dá conta de que um tio que já estava muito doente há algum tempo  faleceu naquela manhã  e comunicavam o velório aos familiares. Calou-se. Perdeu-se como bala em tiroteio. Perguntou inúmeras vezes porque saíra de Itanhaém. Odiou o celular e cada centavo que gastou quando o adquiriu. Nem endereço fixo queria ter mais. Não queria ser encontrada. Naquele momento queria morar em qualquer lugar e melhor seria se morasse em lugar nenhum. Estava cansada, amassada, descabelada. Logo ela uma cabeleireira? Ninguém entenderia!
Saiu sem saber pra onde iria e resmungando lá do seu jeito desculpou-se com Deus pedindo que ele entendesse que desta vez a barra estava pesada.
Foi para o velório que durou toda a noite e somente pela manhã o tio foi enterrado. Ao sair dali rumou para a rodoviária. Comprou o bilhete de viagem e soube que a espera seria de duas longas horas. Desolada sentou-se no primeiro banco que encontrou, desligou o celular e esperou.



Meu carinho para minha amiga e cabeleireira Cida Campos

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Que dia!


Caminhava trôpega. Parecia emputecida com a vida. Estava só e atravessava a rua sem prestar atenção em nada. Se quer deu aquela famosa paradinha ao encontrar-se com outra amiga. Estava mesmo de mal. Um carro vinha em sua direção e nem por isso acelerou o passo. Tentativa de suicídio? O carro passou... o vento que ele provocou suspendeu-a a pequena altura... rolou no chão e com "ares de saco cheio" continuou. Tive pena, mas era a minha vez de manobrar o carro. Pobre formiguinha!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

BEIJO



Contam por aí que o beijo aconteceu na Índia quinhentos anos antes de Cristo e acrescento que a coisa foi tão boa que permanece até hoje. Claro que deve ter sofrido muitas mudanças, pois existe uma enorme variedade de beijos. Não tem muito tempo falei aqui sobre o beijinho de nariz. É bem verdade que o primeiro beijo nunca nos esquecemos. Lembro-me bem do meu primeiro beijo e garanto que foi uma merda! Início de namoro. Voltando do colégio com o turquinho que também estudava na mesma sala que eu. Há dias nos olhávamos e fazíamos de tudo para ficarmos pertinho um do outro. No caminho uma chuva nos pegou de surpresa e sem ter onde nos esconder nos abraçamos e deixamos que a chuva caísse naturalmente. E foi então que o beijo aconteceu. Foi horrível, confesso. Faltou-me o ar. Fiquei tão vermelha que senti meu corpo em chamas. Segundos que pareciam não acabar. Achei nojento. A língua dele enfiando-se em minha boca e eu dura, imobilizada, uma perfeita múmia. Eu de olhos arregalados e os dele fechados. Coisa insuportável. Quando acabou o martírio e pude respirar fui embora sem ao menos olhar para trás. Calma! Não fiquei traumatizada não! Isso tudo passou. Dia seguinte ríamos do ocorrido e o namoro continuou e claro! Aprendi a sentir o beijo.

Gente! Isso faz um tempão! Hoje a meninada não passa pelo aperto que eu passei.

E então sinto e vejo o beijo de várias formas. Beijar é aproximar-se da outra pessoa. Dificilmente ele vem sem o abraço e sempre é aquele abraço apertadinho que une os corpos e nos faz sentir o calor do outro, a respiração e até mesmo as leves batidas do coração. É neste abraço que percebemos se o outro está bem.

Houve um tempo em que as mulheres se encontravam e davam três beijinhos no rosto. Isto acontecia com as solteiras. As casadas beijavam-se duas vezes na face. Com o passar do tempo restou apenas um beijinho no rosto independente do estado civil. Ultimamente tenho visto que não há mais o toque, aquele estalar gostoso do beijo ficou no ar. Engraçado isso.

O beijo na boca, aquele bem gostoso que a gente quase engole o outro fica para os apaixonados. Além da grande troca de bactérias tem também a troca de energias; e há quem diga que também auxilia no emagrecimento, pois queima calorias.

Beijinho de olho e de nariz para os apaixonados pode ser classificado como as preliminares do beijo na boca. É assim... devagarinho... leves toques roçando os olhinhos, sentindo aquele friozinho da ponta do nariz e pimba! De repente estão se engolindo.

E por aí afora o beijo ganhou grandes dimensões. Beijamos nossos filhos, sobrinhos, amigos, pai, mãe, tia, avó e até mesmo nossos bichinhos de estimação. Enviamos beijos por e-mail, cartas, cartões, mensagens instantâneas. Até mesmo a escrita dele ficou engraçada. Pode ser beijo, beijuuuuuuuu, beijoka, bjs. Não importa, pois sempre será uma forma de carinho, intimidade, amor.

E pra finalizar deixo aqui um beijo que o vento bom se encarregará de levar a cada um de vocês em sua melhor forma: UM BEIJO DE AMOR

terça-feira, 29 de março de 2011

Agenda Telefônica de Mamãe





Entre as tantas coisas que tenho bem guardadas a Agenda de minha mãe é uma delas. Não consigo desfazer-me deste pequeno livro. Sim, livro e não agenda, pois as informações contidas nas poucas folhas vão muito além de simples números telefônicos.
Existe nela um aglomerado de informações. É como se mamãe andasse presa a ela, assim como nos prendemos em agendas eletrônicas, laptops, celulares.
Surpreendo-me a cada nova leitura que faço. São endereços diversos, lembretes de prestações a vencer, tons de cores e seus referidos números para as portas da casa, ônibus que deve pegar e qual o momento que deve puxar o sinal para saltar no ponto de referência, horário de saída do trem que seguia para o Pantanal. Pantanal? Pra quê? Nunca mamãe foi ao Pantanal! Estaria ela arquitetando uma fuga? Gente! Minha mãe era um mini Google!
Ah! Esta é demais! Veja só: “Doracy – Rua Archote do Peru número 191 apto 41, ou seria número 131... é que não estava bem legível, mas tenho o telefone se precisar” este recado era para ela mesma. Ivone (prima) tem o número do telefone e ao lado, em letras miúdas, um lembrete que o endereço está no verso da folha. Não entendi. A folha está cheia de espaço!
Espertinha que só, gravou em letras graúdas o código para ligações a cobrar. Isso sem falar nos cremes caseiros para prevenir acnes, rachaduras dos pés e amaciamento das mãos.
Na última folha, melhor dizendo, na contra capa, tem uma receita de chá para dormir. Chá de papoula. Minha mãe tomava chá de papoula? Isso não sei responder, mas ela adormeceu para sempre no dia 04 de janeiro de 1996.
É engraçado que as anotações estão nos cantos, laterais, capa, contracapa, de ponta cabeça, entrelinhas; e ela entendia tudo. E eu nem posso falar muito, pois curiosamente minha agenda causa irritação quando alguém em casa atende ao telefone e sou eu na rua precisando de alguma coisa que está anotada nela ouço a famosa frase: “Puta que me pariu! Você é foda!”  Está no DNA. Não tem jeito.




domingo, 27 de março de 2011

Beijinho de Nariz



Hoje busquei no baú do passado um beijinho de nariz. Deliciosamente nariz com nariz. À sua frente o outro, somente ele te olhando, dominando, cheirando... oooooopssssss!!!


segunda-feira, 7 de março de 2011

Eu Fiz a Minha Parte

Acabei de ler a crônica de Luiz Fernando Veríssimo intitulada "Big Brother Brasil" e o escritor em um dos trechos diz assim:
"Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível. Em um e-mail que  recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo."
"Eu gostaria de perguntar, se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade." (Luiz Fernando Veríssimo)
Veríssimo não está sozinho nesta pergunta, pois muitos de nós, se surgisse oportunidade, faríamos também; e na limitação de meus conhecimentos eu diria que a conta bancária fala mais alto. Não há como negar os milhões movimentados em cada paredão.
Quem alimenta esta máquina são os telespectadores. Quando aprenderem a escolher  o programa chegará ao seu final.
Nasci e cresci em ambiente humilde o que não quer dizer que não aprendi o gosto pelas coisas boas. Tínhamos apenas um velho rádio que pela manhã noticiava os últimos acontecimentos e ao longo do dia tocava muitas músicas. O quintal era grande e arborizado e com boa imaginação meus irmãos, amiguinhos e eu davámos até mesmo volta ao mundo em pequenos barcos de caixote e uma velha bacia cheia de água era nosso mar.  As poucas cadeiras postas uma atrás da outra serviam de trem e neste a viagem dava-se pelas pequenas cidades do interior de São Paulo. Geografia pura! Criatividade! Aplicávamos no improviso tudo que aprendíamos, pois imaginação e criatividade ainda não se vendem em lindas e coloridas caixas. Voltando aos dias de hoje, deparo-me com a televisão. Elas estão super equipadas e o controle remoto é uma arma e tanto  e nos ajuda a eliminar programas que não queremos assistir simplesmente porque não acrescenta nenhum conhecimento e tão pouco informações intelectuais. É responsabilidade nossa ensinar nossos filhos a escolher o que há de melhor. Como fazer isso? Incentivando-os à leitura, a ouvir boa música, a descobrir e respeitar a vida. Ensinado-lhes os valores éticos e morais.
Portanto estou tranquila. Sei que fiz a minha parte. Minha filha não me aborrece quando está frente à televisão. Aprendeu a escolher.
Não tenho nada contra se você assiste e gosta. E se faz ligações só digo: o dinheiro é seu e você emprega onde bem entender. O meu eu prefiro gastá-lo em livros, CDs,  DVDs, cinema, teatro, shows...

sábado, 5 de março de 2011

Sala de Sonhar

Por trás desta tela pequenos olhos percorrem este mundinho que criei. Na verdade ganhei. É a sala de apetrechos de sonhos. Aqui marco encontro com você querido leitor e com a paz. Há tempos acompanho as estastísticas de leituras e hoje registro meu agradecimento a você que carinhosamente vem me fazer companhia. Alguns conheço pessoalmente. Outros aconteceram através das redes sociais e muitos não sei quem são, mas estão e marcam presença com tanta fidelidade que eu não poderia deixar passar despercebido.

entre e fique à vontade
se quiser fique pro café
se trouxe pijama
caia na cama
se quiser cantar
não vai incomodar
se quiser gritar
posso te ajudar
se quiser sonhar
pode começar
se quiser voar
voo com você
se quiser partir
deixo você ir

Aos meus seguidores e aos anônimos leitores "aquele abraço".

Valeu Brasil, Estados Unidos, Alemanha, Noruega, Portugal, Canadá, Argentina, Dinamarca, Índia e Itália. Uma grande festa nesta pequena sala. A sala de sonhar... 

Sonhar

Fria terça-feira fria. Trouxe chuva e preguiça. A poesia brincava de esconde com o poeta e eu no macio do sofá adormecia. O sono buscou sonhos e eles chegaram iluminando meus pensamentos sombrios. Brinquei quintais. Corri com o vento. Aquele vento bom que nos leva ao perdido. Respirei alegria, aqueci-me no abraço, abasteci-me de pura emoção. Sonhar é muito bom. Chega-se perto do real. Muito real.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

E aí?


O que fazer quando as palavras desaparecem, somem no vento e perdem a forma? O que fazer quando o corpo explode emoções que os dedos não traduzem?
Esperar o turbilhão passar. Talvez seja esta a resposta. Lamentavelmente vivo dentro um.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Olá 52




Oi 52. É com muito carinho que chego a você e te parabenizo por estar forte ainda e com muita garra pra viver, não os próximos 52 que seria otimismo demais, mas alguma década a mais se for possível me conceder.
Compreendo que conviver comigo não é muito fácil e pra você pior ainda, pois não consigo esconder de você os meus mais profundos segredos.  É esta cumplicidade que faz com que eu te admire.  Meu camarada! Não foi nada fácil chegar até aqui. Aconteceram poucas e boas como diria minha avó, mas fomos valentes! Caímos muitas vezes e ressurgimos das cinzas feito Fênix.
As coisas poderiam ter sido diferentes, mas ao longo do tempo aprendi que as coisas são como são. Nos e nossos nós, assim disse-me um dia o poeta que reside meu coração.
Então vamos lá. Força no pé porque desejo muito que a caminhada seja bem longa e que possamos sempre estar juntinhos contando estórias, rindo muito de qualquer bobagem e perdendo o olhar no horizonte.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

MEU SILÊNCIO


Sexta-feira, 11 de fevereiro.   Acordei com preguiça até mesmo de abrir os olhos. Há dias caminho com meu silêncio lado a lado. É a melhor companhia em certos momentos da vida. Acho que tenho tido muitos “certos momentos”.  Como de costume abri alguns e-mails. Coisa pouca, mas de bom conteúdo. Notícias esparramam-se feito rastilho de pólvora. Em uma das correspondências um amigo estava indignado com a forma de viver e agir do grupo terrorista que mantém controle sob a Faixa de Gaza chamado HAMAS.  Li e assisti ao vídeo que também me deixou perplexa. As imagens mostravam a celebração de casamento em massa promovido por este grupo. Quatrocentas e cinqüenta noivinhas, mais parecidas com daminhas de honra, seguravam a mão de seus pretendentes. Elas com idade entre quatro e dez anos e eles na casa dos vinte e cinco aos trinta anos. Tudo com a devida autorização da lei do islamismo radical. Cheiro de pedofilia, abuso e sofrimento. É complicado viver em um mundo em que as diferenças são grandes demais.
Meu dia não parou por aí. Logo meus pensamentos foram substituídos pela queda de Mubarak. Pulei de alegria. Todos esperavam um feliz desfecho. Eles sabem que é só o começo. Saíram vitoriosos e sabem que precisarão de forças para continuar lutando para fazer valer a conquista. Que os países vizinhos sigam o exemplo e que Mubarak vá gastar seus quase cinqüenta e quatro bilhões (valores estimados em reais) no inferno. E ainda teve a cara de pau de dizer: “decidi renunciar”. Ele decidiu? Que homem bom, pensei. E a força da população serviu de que?  
E agora você deve estar pensando o que aquela fotografia está fazendo lá em cima. Ela foi a terceira notícia do dia. Eliete de Oliveira Koestler, minha irmã. Vive na fria Alemanha. Há tempos vem travando uma grande luta contra o câncer de mama. Hoje me contou que não suporta mais as fortes dores. Está nervosa, inquieta, irritada e revoltada. Não quer mais viver. Despediu-se de mim e da vida. Dez mil quilômetros nos separam fisicamente e isso me arrasta ao lado de meu silêncio novamente. Não posso secar suas lágrimas. Não posso lhe dar acalanto e tão pouco abraçá-la e sussurrar em seu ouvido: eu te amo.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

PARABÉNS SÃO PAULO


                               


TEREI DE VOCÊ SEMPRE AS BOAS LEMBRANÇAS
AFINAL NASCI EM TEUS BRAÇOS
FORTES E GENTIS
COMO ESQUECER O VALE DO ANHAGABAÚ
E OS GATOS QUE ERAM JOGADOS ALI?
COMO DEIXAR PARA TRÁS
O LARGO DO PAISSANDÚ
ESTAÇÃO DA LUZ
AVENIDA SÃO LUIZ?
COMO ESQUECER O "BIXIGA"
E AQUELE CINEMA LEGAL
COMO NÃO LEMBRAR DO MAPPIN
E DO TEATRO MUNICIPAL?
LARGO DO AROUCHE EM NOITE ESPECIAL
ILUMINANDO O SORRISO DO MENINO
QUE NAS MÃOS TRAZIA UMA FLOR
ASSUSTADA ENTENDI
A FLOR ERA PRA MIM
E O SORRISO QUE NUNCA ESQUECI
TAMBÉM ERA PRA MIM

NÃO DÁ PARA ESQUECER SEU CHEIRO
O CINZA DE SUA COR
AS BUZINAS, OS GRITOS, AS LUZES
SEU BRILHO ESTONTEANTE
MARCANTE
NÃO DÁ PRA TE ESQUECER
MENINO
NÃO DÁ PRA TE ESQUECER
SÃO PAULO!

FELIZ ANIVERSÁRIO! COMPLETANDO HOJE 457 ANOS

sábado, 22 de janeiro de 2011

PARA SOLTEIROS


Antigamente era assim. Para quarto de solteiro, cama de solteiro. Quarto de casal, cama de casal. Solteiro dormia sozinho. Casais dormiam juntinhos. Porque toquei neste assunto? Simples. Após a visita de um amigo que há tempos está com problemas no casamento e por este motivo queixa-se muito, ao despedir-me dele, em tom de brincadeira disse-lhe: Bons sonhos, ao menos ela é solteira. Ela quem? Sua cama, ora bolas! Sorriu e sem mais nada dizer foi embora.
Muitos casais, por vários motivos que não nos interessa agora, decidem pela não separação legalmente falando, mas acabam adotando a separação de corpos. Debaixo do mesmo teto são capazes de resolver todos os problemas sem trocar uma palavra sequer. A cama de solteiro veio para auxiliar esta difícil convivência. Se a casa é pequena e possui apenas um quarto é possível instalar duas camas de solteiro livrando-se da cama de casal. Dormir em cama de solteiro tem lá suas vantagens. Ninguém ronca do seu lado. Também não puxam sua coberta. Não babam em seu travesseiro e você pode acordar e saltar da cama pelo lado que bem entender! É possível também dormir no sofá da sala seja ele de tecido, couro; azul, verde, vermelho. Não importa. São detalhes e não é momento para pegar-se nisso.  As estatísticas apontam este último como uso estritamente masculino. As mulheres dormem folgadamente na cama que antes era do casal.
Existem casais que praticam equilíbrio durante as horas de sono. É impressionante, mas conseguem se equilibrar cada um de um lado da cama. E o meio? Um verdadeiro oceano!
Quando eu era adolescente fui passear na casa de uma amiga. Ela me levou até o quarto de seus pais para me mostrar algo que achava ser o fim do mundo. E era mesmo o fim do mundo. Ao menos para nós, sonhadoras à espera do príncipe encantado. A cama de casal possuía uma verdadeira barreira no meio feita de vários cobertores. Uma muralha. Trincheira. Tudo para proteger-se do inimigo.
Há quem tenha sorte e o privilégio do conforto; caso deste meu amigo, que mora em uma casa grande e pode ter um quarto só para ele e o que é melhor! Ela é solteira. A cama, claro!
Bem... Já é madrugada e se não me apresso corro o risco de perder a metade daquela que ainda é uma cama de casal.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A FOTO


A vida tem destas coisas. O tempo passa e nos desfazemos de muitos objetos que ficam jogados em um canto qualquer. Eles já não nos servem para mais nada e por isso mesmo os descartamos. Em outros casos guardamos com tanto carinho certas coisas que elas nos acompanham e ficam fazendo parte de nossa estória.
Esta foto é um caso assim. Em meio aos meus guardados chega a destoar das fotos que junto a ela estão. Não tem nada a ver. Explico. Em meus álbuns figuram, até mesmo as mais antigas, locais urbanos, praias, casamentos, aniversários, bebês tomando banho, crianças na piscina ou abrindo lindos pacotes ao pé de uma árvore de Natal.
Esta foto ilustra uma casa onde nunca entrei. Chão de terra que nunca pisei. Árvores que da sombra nunca desfrutei. Ah! A cerca sim. Tem uma leve semelhança com alguma de minha infância. Mas as janelas... Adoro janelas. É por elas que espio o mundo. Janelas para mim são feito quadros e melhor que eles, pois a cada movimento, a cada passada de hora nos brinda com uma pintura nova.
Mas para mim o melhor desta foto está atrás dela. A dedicatória do moleque que um dia fez parte desta paisagem. “haja o que houver sempre você”. Foi assim que o menino escreveu mostrando um pedaço do agreste de Rio Grande do Norte. O nome deste município é Serrinha que um dia foi conhecido como Serrinha do Olho d’Água. Olhos marejados de água. Olhos que procuram na janela a paisagem chamada “saudade”.
  

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Meu Amor, Minha Vida

Você nunca chega até aqui, eu sei. Arranja tantas desculpas. Ocupação é que não lhe falta e por isso comete esta falta. Faz mal não. Mesmo assim registro nesta página e em todas as páginas de minha vida a felicidade que sinto em ter você. Meu amor maior. Por você, se preciso for, derrubo a Muralha da China. Derrubo? Caraca! Acho que forcei demais! Vou deixar assim como está. Afinal os chineses nunca saberão. E também a possibilidade de que eu vá até lá é cada vez menor e então eles não correrão o risco de ficar sem a Muralha. Onde eu estava mesmo? Ah! Estava na felicidade em poder ter você. Perdi seus primeiros passos, mas te guiei para a vida. Sufoquei meu pranto só para te ver sorrir. Fiz de tudo para colocar flores em seu caminho, mas antes disso alguém colocou Flor em teu nome. Tá certo. Eu sei que também coloquei espinhos, mas eles se fizeram necessários na longa caminhada. Hoje percebo que você cresceu. Está uma moça linda. Tornou-se uma Administradora, mas ainda peca ao administrar sua própria vida. Faz parte. Vale tudo para aprender. Precisamos de marcas, de cicatrizes. Um dia elas valerão para contar estórias. To aqui pensando quem de nós deve festejar com mais intensidade o dia de hoje. Se eu que te trouxe ao mundo, ou se você que chegou neste mundo em uma sexta-feira chuvosa. Não foi nada fácil. Quase ficamos por lá. Você se lembra? Claro que não! Nem poderia. Seus olhinhos ainda estavam fechados. De cara ganhou a UTI, tubos de soro e muito oxigênio. E eu lá do outro lado sem poder te tocar. Sem poder te ver. Lutamos. Ah! Como lutamos. Por pura teimosia ficamos por aqui mesmo. E com isso tudo, provou que veio mesmo pra ficar. Garantiu seu ingresso nessa vida louca, mas muito gostosa de ser vivida. Minha guerreira! Parabéns pelo seu aniversário. Parabéns pela vida. Milena de Oliveira Flor é seu nome e sempre será. Te amo.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

PRÓS E CONTRAS DE UM FURO


Estava num sonho bom de ser sonhado quando o telefone tocou. Era ela. Chorava mais do que falava. O que foi desta vez minha amiga? – perguntei. Engole logo esse choro e me conte. Está me deixando afobada. Terminamos, dizia ela. Está tudo acabado por causa da porra de um furo. Ele tinha um furo na cueca. Enfiei o dedo no furo. Você enfiou o dedo no furo dele? Claro que não. Foi no furo da cueca e acabei com ela. Rasguei todinha. Você sabe que não gosto de furos em roupas íntimas. Fico louca. Lembra-se de suas calcinhas? Ah! Claro que me lembro! Acabou com meu estoque na última visita. Pois é. Agora acabou meu romance. Praga sua. Só pode! Amiga. Amiiiiiga. Amigaaaaaaaaaaaaaaaaa. Furos em cuecas ninguém merece, né? Perde o tesão. Se bem que... olhando por outro lado... deixa pra lá. Bobagem minha. Acalme-se. Dê a ele outra de presente. Fiz isso pensando em remediar e foi aí que o fim chegou. Peguei uma do Marcão. Tava aqui esquecida na gaveta. Foi então que percebi que o cara era de um mau gosto! O que tinha? Era samba-canção? Pior amiga. Muito pior. Era verde. Um verde nojento. Musguento. Fodeu!
Pronto! Agora fico aqui pensando nos vários furos desta vida. Furo na orelha é lindo. Nele colocam-se brincos. Furo de reportagem nos deixa em dia e bem informados. Furo na camada de ozônio é grave. Pudim de leite sem furo fica também sem gosto. Furo na bóia afoga. Furo em um encontro esperado fode! Furo na bola não tem jogo. Quer pior do que furo no pneu quando estamos com pressa? E sempre estamos. Um furo no telhado pode ser pior. Na verdade só o descobrimos quando chove. Fechadura é tudo de bom. Espia-se pelo furo dela. Descobrem-se tantas coisas! Triste mesmo era o furinho do vinil. Bêbados e chapados complicava acertar o furo para rolar o som. O furo é tão importante e necessário que até Woody Allen preocupou-se em rodar “O Grande Furo”. Loyola Brandão escreveu "O Homem do Furo na Mão". Importantes griffes vendem jeans furados e quanto mais são os furos maior é o preço que se paga. No twitter é possível seguir o Furo. Não sei onde vai dar. Talvez no Japão. Nagoya. Lá se pode comer um delicioso yakissoba e encher a alma de boas energias. E não tem furo.
Valeu minha amiga. Bons ventos te trouxeram, como sempre.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

VOCÊ SE FOI



Assisti a tua partida. Saiu de mansinho, assim como todos os outros fizeram. Não chorei. Apenas procurei nas estrelas aquela com quem dividi meus segredos e a ela entreguei meus tesouros. Não tenho mais tempo. Agora só conto com a sorte. Olho em tua bagagem e constato que de meu nada estás levando. Pode ir. Estou tranqüila. Outro chegará e ficará em teu lugar. Talvez ele seja até melhor. Ele já me trouxe um vento bom numa tarde inquieta e chuvosa. Um sopro suave na face cansada. Atiçou meu riso. Fez-me leve. Vá 2010, porque 2011 já ganhou o meu carinho.